Poema de ninar para mim e Bruegel
"Ningém ampara o cavaleiro
do mundo delirante"
Murilo Mendes
Eu te ouço rugir para os documentos e as multidoes
denunciando tua agonia às enfermeira desarticuladas
A noite vibrava o rosto sobrenatural nos telhados manchados
Tua boca engolia o azul
Eu equilíbrio se desprendia nas vozes das alucinantes
mudrugadas
Nas boates onde comias picles e lias Santo Anselmo
nas desem ferrovias
nas fotograjas inacessíveis
nos topos umedecidos dos edifícios
nas bebedeiras de xerez sobre os túmulos
As leguminosas lamentavam-se chocando-se contra o vento
drogas davam movimento demais aos olhos
Saltimbancos de Picasso conhecendo-se numa viela maldita
e os ruídos agachavam-se nos meus olhos turbulentos
resta dizer uma palavra sobre os roubos
enquanto os cardeais nos saturam de conselhos bem-aventurados
e a Vírgem lava sua bunda imaculada na pia batismal
Rangem os dentes da memória
segredos públicos pulverizam-se em algum ponto da América
peixes entravados se sentam contra a noite
O parque Shanghai é conquistado pela lua
adolescentes beijam-se no trem fantasma
sargentos se arredondam no pulácio dos espelhos
Eu percorro todas as barracas
atropelando anjos da morte chupando sorvete
os fios telegrácos simplificam as enchentes e as secas
os telefones anunciam a dissolução de todas as coisas
a paisagem racha-se de encontra com as almas
o vento sul sopra contra a solidão das janelas e as
gaiolas de carne crua
Eu abro os braços para as cinzentas alameda de Súo Paulo
e como um escravo vou medindo a vacilante música das flâmulas.
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Meteoro
Eu direi aspalavras mais terríveis esta noite
enquanto os ponteiros se dissolvem
contra o meu poder
contra o meu amor
no sobressalto da minha mente
meus olhos dançam
no alto da Lapa os mosquitos me suficam
que me importa saber se as mulheres sáo
férteis se Deus caiu no mar se
Kierkegaard pede socorro numa montanha
da Dinamarca?
os telefones gritam
isoladas criaturas caem no nada
os órgáos de carne falam morte
morte doce carnaval de rua do
fim do mundo
eu não quero elegias mas sim os lírios
de ferro dos recintos
há uma epopéia nas roupaspenduradas contra
o céu cinza
e os luminosos me fitam do espago alucinado
quantos lindos garotos eu não vi sob esta luz?
eu urrava meio louco meio estarrado meio fendido
narcdticos santos ó gato azul da minha mente!
eu não posso deter nunca mais meus Delírios
Oh Antonin Artaud
Oh Garcia Lorca
com seus olhos de aborto reduzidos
a retratos
almas
almas
como icebergs
como velas
como manequins mecânicos
e o clímax fraudulento dos sanduíches almoços
sorvetes controles ansiedades
eu preciso cortar os cabelos da minha alma
eu preciso tomar colheradas de
Morte Absoluta
eu não enxergo mais nada
meu crânio diz que estou embriagado
suplícios genuflexões neuroses
psicanalistas espetando meu pobre
esqueleto em férias.
(Extraído de "Paranoia" Primera ediçao, Editora Massao Ohno-1963)
nota autobiogáfica: "Mi vida & poesía han sido una permanente insurrección contra todas las Órdenes. Soy una sensibilidad antiautoritaria actuante. Prisiones, desempleo permanente, epifanías, estudio de las lenguas, LSD, hongos sagrados, pasones, jazz, rock, pasiones, delirios & todos los boys.
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